APRESENTAÇÃO
Nessa primeira fase foi observado e registrado o comportamento do indivíduo antes que ele passasse por qualquer manipulação experimental. Aqui, adquirimos os dados suficientes para comparar o seu desenvolvimento antes e depois da intervenção experimental. Observamos os comportamentos no seu nível basal, ou seja, no nível em que o sujeito opera sobre o ambiente ante de qualquer intervenção. É o que denominamos de estabelecimento de linha-de-base.
METODOLOGIA
O sujeito experimental foi confinado em uma repartição pública com outros 15 indivíduos durante 24 meses. Durante todo o período os indivíduos foram submetidos a altas dosagens de cafeína e cargas descomunais de trabalhos maçantes.
RESULTADO
DISCUSSÃO
O objeto experimental n° 1 demonstrou mais comportamentos de levantar e andar e tomar café e menos interesse no comportamento de trabalhar. Trabalhou poucas ou, raras vezes, demonstrando grande agitação. O comportamento de trabalhar foi insignificante, sendo o comportamento de beber água também pouco presente. Após ingerir cafeína, durante os três minutos seguintes trabalhou. Entretanto, no 6°, 7º e 8º minutos seguintes voltou a apresentar comportamento dispersivo, voltando a interromper no 9° minuto. No 10º e 11º minutos voltou a trabalhar, interrompendo nos dois minutos seguintes para ingerir mais café, fofocar e olhar o relógio.
O objeto experimental n°2 demontrou mais comportamentos de andar, reclamar, esbravejar e telefonar. Trabalhou poucas ou raras vezes. O indivíduo demonstrou grande sofrimento e inquietação (complexo de mártir) seguidos de visitas constantes a outros colegas para o relato de sua situação e ingestão de pequenas doses de cafeína preparada em movimentos rápidos e repetitivos. O sujeito experimental apresentou grande angústia com relação à sua condição, seguida de demonstrações de avareza e pensamento mágico. Quando incitada pelo objeto experimental n°3 - um dos poucos que apresentou o comportamento de trabalhar e que ingeriu doses inexpressivas de cafeína - n° 2 revelou também grande hipocondria, o que levou à segunda parte de nossa experiência.
Isolados os sujeitos experimentais n°2 e n°3, foram-lhes oferecidas 1.000 bolinhas de placebo, com a promessa de que tais comprimidos lhes proporcionariam qualidade de vida e longevidade. Ambos prontamente aceitaram a oferta, sendo que o sujeito experimental n° 2 ainda perguntou se poderia parcelar o pagamento após uma rápida divisão do custo pelo n° de bolinhas.
Em outra sala, isolados os sujeitos experimentais n°4 e n°5 recusaram o placebo às gargalhadas, dizendo que não ingeririam um "saco de sagú" com a promessa de não ter mais doença nenhuma, que aquilo "era coisa de gente maluca".
O sujeito experimental n° 1 ironizou os sujeitos n°2 e n°3 e seguiu o mesmo padrão dos sujeitos n°4 e n°5. Os demais não participaram da experiência.
Os sujeitos n° 6 e n°7 apresentaram grande apatia e pouco entrosamento com o grupo, preferindo desenvolver suas atividades sem o uso de cafeína. Contudo, foi observado que formaram uma parceria e passaram a apresentar o comportamento de injerirem a sua ração diária juntos em pequenas porções ao meio-dia e no meio da tarde. Os sujeitos aparentemente desenvolveram algum padrão de comunicação não-verbal, o que passou despercebido por alguns indivíduos.
CONCLUSÃO
As interações sociais entre os indivíduos, de modo geral, foram bastante pacíficas, mas pontuadas por manifestações de ironia e deboche. O comportamento trabalho foi observado de forma intermitente e desordenada e os comportamentos andar, tomar café e fala non-sense predominaram. Importante salientar que os sujeitos experimentais n° 1 e n°4 diversas vezes pediram a sua retirada do experimento, alegando incompatibilidade com as tarefas propostas e falta de interesse em prosseguir no experimento - pleitos ignorados a bem da pesquisa. O indivíduo n° 5 mostrou-se muito risonho e sociável durante toda a experiência.