Thursday, March 29, 2007

Um breve ensaio sobre a loucura humana

APRESENTAÇÃO
Nessa primeira fase foi observado e registrado o comportamento do indivíduo antes que ele passasse por qualquer manipulação experimental. Aqui, adquirimos os dados suficientes para comparar o seu desenvolvimento antes e depois da intervenção experimental. Observamos os comportamentos no seu nível basal, ou seja, no nível em que o sujeito opera sobre o ambiente ante de qualquer intervenção. É o que denominamos de estabelecimento de linha-de-base.
METODOLOGIA
O sujeito experimental foi confinado em uma repartição pública com outros 15 indivíduos durante 24 meses. Durante todo o período os indivíduos foram submetidos a altas dosagens de cafeína e cargas descomunais de trabalhos maçantes.
RESULTADO
DISCUSSÃO
O objeto experimental n° 1 demonstrou mais comportamentos de levantar e andar e tomar café e menos interesse no comportamento de trabalhar. Trabalhou poucas ou, raras vezes, demonstrando grande agitação. O comportamento de trabalhar foi insignificante, sendo o comportamento de beber água também pouco presente. Após ingerir cafeína, durante os três minutos seguintes trabalhou. Entretanto, no 6°, 7º e 8º minutos seguintes voltou a apresentar comportamento dispersivo, voltando a interromper no 9° minuto. No 10º e 11º minutos voltou a trabalhar, interrompendo nos dois minutos seguintes para ingerir mais café, fofocar e olhar o relógio.
O objeto experimental n°2 demontrou mais comportamentos de andar, reclamar, esbravejar e telefonar. Trabalhou poucas ou raras vezes. O indivíduo demonstrou grande sofrimento e inquietação (complexo de mártir) seguidos de visitas constantes a outros colegas para o relato de sua situação e ingestão de pequenas doses de cafeína preparada em movimentos rápidos e repetitivos. O sujeito experimental apresentou grande angústia com relação à sua condição, seguida de demonstrações de avareza e pensamento mágico. Quando incitada pelo objeto experimental n°3 - um dos poucos que apresentou o comportamento de trabalhar e que ingeriu doses inexpressivas de cafeína - n° 2 revelou também grande hipocondria, o que levou à segunda parte de nossa experiência.
Isolados os sujeitos experimentais n°2 e n°3, foram-lhes oferecidas 1.000 bolinhas de placebo, com a promessa de que tais comprimidos lhes proporcionariam qualidade de vida e longevidade. Ambos prontamente aceitaram a oferta, sendo que o sujeito experimental n° 2 ainda perguntou se poderia parcelar o pagamento após uma rápida divisão do custo pelo n° de bolinhas.
Em outra sala, isolados os sujeitos experimentais n°4 e n°5 recusaram o placebo às gargalhadas, dizendo que não ingeririam um "saco de sagú" com a promessa de não ter mais doença nenhuma, que aquilo "era coisa de gente maluca".
O sujeito experimental n° 1 ironizou os sujeitos n°2 e n°3 e seguiu o mesmo padrão dos sujeitos n°4 e n°5. Os demais não participaram da experiência.
Os sujeitos n° 6 e n°7 apresentaram grande apatia e pouco entrosamento com o grupo, preferindo desenvolver suas atividades sem o uso de cafeína. Contudo, foi observado que formaram uma parceria e passaram a apresentar o comportamento de injerirem a sua ração diária juntos em pequenas porções ao meio-dia e no meio da tarde. Os sujeitos aparentemente desenvolveram algum padrão de comunicação não-verbal, o que passou despercebido por alguns indivíduos.
CONCLUSÃO
As interações sociais entre os indivíduos, de modo geral, foram bastante pacíficas, mas pontuadas por manifestações de ironia e deboche. O comportamento trabalho foi observado de forma intermitente e desordenada e os comportamentos andar, tomar café e fala non-sense predominaram. Importante salientar que os sujeitos experimentais n° 1 e n°4 diversas vezes pediram a sua retirada do experimento, alegando incompatibilidade com as tarefas propostas e falta de interesse em prosseguir no experimento - pleitos ignorados a bem da pesquisa. O indivíduo n° 5 mostrou-se muito risonho e sociável durante toda a experiência.


9 comments:

Vivi said...

Fófi, vc já pode ser considerar uma verdadeira cientista do comportamento humano. Aprovada com louvor e indicação para a Comenda Skinner de Psicologia Behaviorista.

Deni Meyer said...

Comenda Skinner??? Hahahhahahahha...Valeu!!! (Se abriram para os meus conhecimentos científicos, né?)

Vivi said...

Um talento oculto acaba de se revelar! Por sinal, acho que tive uma idéia assim bem legal. Vou dividir com vc os abacaxis que tenho de descascar lá da faculdade. Com essa sua verve vou arrebatar todos os prêmios da academia. Uhuuuu!

Anonymous said...

adorei a pesquisa, trabalho de primeira, científico mesmo, mas acho que alguns objetos da pesquisa não foram mencionados, talvez por um lapso da pesquisadora, eram 15 inicialmente? ou será que vem aí a segunda fase da pesquisa?
MORTADELA

Deni Meyer said...

Prezada Mortadela,
atendendo seu pedido, em breve estarei divulgando o segundo capítulo de minha estafante pesquisa. Como os colegas sabem, esses trabalhos de cunho científico podem se tornar deveras extensos e extenuantes, mas a minha dedicação à ciência é ilimitada, ainda mais com um público tão carinhoso, como vocês! Aguardem!!!

Vivi said...

Mortadela, acho que a Deni teve de selecionar entre os quinze aqueles que mais se adequavam ao objetivo da pesquisa. Em bom português, gente normal e bacana, tipo assim, como nós, ficou de fora!

Deni Meyer said...

Er, veja bem, você foi mencionada na pesquisa, fófis...Mortadela e eu também, caso você num tenha percebido...kkkkk

Vivi said...

Er... Prezados leitores, em tempo: qualquer semelhança com fatos reais é mera coincidência.:-|

Victor said...

HuahuahuahuahuahuahuahuahuahHUAHUAHUAHUAHUAHUAHAHAHAH!
Fazia tempo que eu não ria tanto!