Tuesday, November 07, 2006

As Lingüiças Osmóticas


Num cenário mal iluminado, vislumbram-se as engrenagens de uma máquina industrial. Numa das extremidades, um homem atarracado afasta algumas moscas. Usando um avental repleto de manchas e munido de uma pá, ele alimenta o mecanismo com bolos de carne moída. Acompanhando o trajeto da carne, entre silvos e baforadas, a câmera demonstra o processo de fabricação de uma lingüiça. O produto final é arremessado num grande container, onde, por arte de um segundo funcionário, a lingüiça é amarrada a outras duas. Junto do chão escuro e úmido, distingue-se a silhueta de um roedor. Aproximando-se do container, a câmera flagra algo surpreendente. As lingüiças recém atadas começam a se contorcer, primeiro lenta e depois quase freneticamente. Entumescidas, elas dobram de tamanho em poucos segundos. Para horror do operário que tudo acompanha, elas saltam ao chão e, num movimento rápido, grudam-se à sua canela. Em vão, ele grita: o som de sua voz é abafado pelo ruído incessante da máquina, que continua a verter novas lingüiças. Seu rosto cobre-se de suor: ele tenta com todas as forças libertar-se, mas as três continuam firmemente presas. Muito pálido, ele leva as mãos ao pescoço para afastar a gola da camiseta, aparentando dificuldade para respirar. Por fim, o homem parece desistir. Seus olhos fixam-se num ponto indefinido. Tombando ao chão, ele solta o último suspiro.
Em letras rubras, um nome toma conta da tela. As lingüiças Osmóticas.

4 comments:

Deni Meyer said...

Huahauhauhauhuhauaha, muito bom! muito bom!!! Adorei!! Pegaste bem o espírito Cine Trash!!! Tu tens que escrever um livro, Viviane. Estás perdendo tempo!!!

Victor said...

Hilário! Tem certeza de que o malvadinho aqui sou eu?

Vivi said...

Eu quero ser a sua malvadinha, hugh!

amendokrem said...

Hahahahaha, que coisa louca!