Thursday, November 02, 2006

Prozacnation

Venho pensando em escrever este post há algum tempo, há muito tempo para ser sincera, mas me faltava inspiração, ou seria coragem?
Falar de antidepressivos é complicado. Sim, com certeza você já está me dando aquela olhada meio atravessada, aquele olhar desconfiado, aquele sorriso tentando disfarçar a pergunta..."Ah, tá! Vai dizer que você também toma isso?".
Sim, eu tomo. Eu e a torcida do Flamengo. Algum problema??
Sim, parece que esse é o problema. Tem gente demais tomando então se não bastassem os problemas que te levam a tomar o remédio, você tem que lidar com o preconceito ligado a tomar esse tipo de remédio. Tomar remédio para a pressão é uma coisa, agora vai na farmácia comprar um remédinho tarja vermelha ou preta pra você ver!! É como se você fosse um leproso ou tivesse uma grande falha de caráter, sim, porque ou você tá tomando porque é um idiota seguindo um modismo ou então pior, você é uma pessoa problemática, um caso psiquiátrico!!
Quer saber? Foda-se!
Isso mesmo, FODA-SE!!! Só quem está lá dando a cara a tapa com aquela receita amassadinha na mão lá no fundão da farmácia sabe o quanto foi difícil chegar lá, o que teve que suportar e fazer os outros suportarem até ter a coragem de dizer "Pára o mundo que eu quero descer!Eu não agüento mais viver assim!"
Eu não sou defensora incondicional dos remédios, mas sou defensora incondicional da felicidade. Então se esse for o preço, que seja!
Não o remédio não é a cura para todos os males, mas ele é o veículo, ele é a chave que abre a porta daquele baú onde você enfiou um monte de problemas uma vida inteira. De posse da chave você abre o baú, mas só vai esvaziá-lo com a ajuda de um psiquiatra ou um psicólogo, do contrário como saber o que você deve guardar e o que você deve jogar fora??
É um processo lento e dolorido retirar os esqueletos do baú, espaná-los, olhá-los nos olhos, desfazer-se deles. É engraçado como a gente se acostuma com a infelicidade, se afeiçoa a ela de tal modo que fica com medo de acordar sem vontade de chorar, fica com medo de mudar...sabe-se lá o que a vida reserva pra nós fora dessas muralhas?! Eu não sei mesmo o que tem do outro lado, mas eu quero descobrir, eu não quero perder mais um segundo...a vida é curta demais para a gente ficar sentindo medo.

7 comments:

Deni Meyer said...

Gente, desculpem o fato de ter usado um espaço coletivo para falar de um assunto tão pessoal, mas tava precisando colocar isso pra fora. Com certeza tem mais gente que como eu morria de vergonha e medo de ir na farmácia comprar antidepressivo, com medo de ser taxado de louco.

amendokrem said...

Viva os remedinhos, viva às pílulas que juntamente com a terapia nos fazem sair do lodo e respirar...não são mágicas eu sei, mas são excelentes coadjuvantes.
Eu já tomei, e tenho dito!

Deni Meyer said...

Parece que num sou só eu falando nisso...não me agüentei e roubei esse diálogo do filme "Melhor impossível" do blog da Ticcia:

Melvin Udall: I've got a really great compliment for you, and it's true.

Carol Connelly: I'm so afraid you're about to say something awful.

Melvin Udall: Don't be pessimistic, it's not your style. Okay, here I go: Clearly, a mistake. I've got this, what - ailment? My doctor, a shrink that I used to go to all the time, he says that in fifty or sixty percent of the cases, a pill really helps. I *hate* pills, very dangerous thing, pills. Hate. I'm using the word "hate" here, about pills. Hate. My compliment is, that night when you came over and told me that you would never... well, you were there, you know what you said. Well, my compliment to you is, the next morning, I started taking the pills.

Carol Connelly: I don't quite get how that's a compliment for me.

Melvin Udall: You make me want to be a better man.

Carol Connelly: ...That's maybe the best compliment of my life.

Melvin Udall: Well, maybe I overshot a little, because I was aiming at just enough to keep you from walking out.

Victor said...

Cara, nem me fale em preconceito. Fui na farmácia da Panvel localizada no Zaffari da Fernandes Vieira nesse findi, e só faltaram pedir meus antecedentes criminais antes de me vender o medicamento. Os atendentes me olhavam como se eu fosse um alienígena.

Deni Meyer said...

Bem vindo ao clube!! (saudações alienígenas para você)

Vivi said...

Deni, eu não me canso de repetir o quanto acho que vc cresceu nos últimos tempos! Estou feliz por vc! Acho que, ao ter falado sobre o assunto, vc não está sendo 'pessoal demais' nem 'interferindo num espaço coletivo'. Ao contrário, acho que é na expressão de nossas singularidades - cada um de nós e seu jeitinho próprio - que está a riqueza deste blog.

Deni Meyer said...

Mas ah!! Encheu a minha humilde bolinha!! Brigadim!!!xx